domingo, 20 de setembro de 2009

Rolo Compressor

Encontrará a pedra
Dentro da pedra
E outra pedra ainda haverá

Descobre então beleza nesta
Também naquela
Bem no fundo
Lapidar

A invalidez da flor
A pétala
O néctar
Perfeição não há

Nada ali é rico
Só é puro
E limpo
Relevar

Não ama a flor mais do que a rocha
Quem no bruto vê calidez
Até o mais banal suporta

sábado, 19 de setembro de 2009

Nova postagem

Eu não conheço dor física que se compare à dor de se sentir culpada.
Eu já cortei o dedo com faca, já bati o dedo do pé na quina do sofá, já torci o tornozelo com tamanco plataforma, já queimei a mão em panela quente no fogão...
Eu já senti saudades infinitas, já fiquei com remorso de ter dito uma besteira, já fiquei revoltada e decepcionada com uma traição...
A pior dor que já senti até hoje foi a do arrependimento de ter escolhido o caminho errado...
Já escolhi caminhos errados e mais a frente pude reparar alguns prejuízos. Mas daquele erro inconsciente que cometi naquele dia, sabendo que eu não era totalmente culpada, mas diante da extremidade da situação, fui obrigada a agir errado achanado que era o melhor a fazer... A esse me dói até agora...
Tremedeiras e palpitações, um descontrole emocional e lágrimas incessantes ainda me abordam no escuro do meu quarto...
Eu cometi aquele erro, achando que era certo, sabendo que era errado, esperando não ser julgada pelo meu algoz... Hoje, sou eu mesma quem me condeno a remoer uma dor eterna.

Escrever me ajuda a descarregar.
Será que algum dia olharei para estas palavras com apessoalidade?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ruborizado

E se nada mais respirar
Direi a todos que o ar
Foi abolido noutra constituição

E se for eu a expirar
Sou só um "vento" sem lugar
Sem reencarnação

Me jogaram nesse buraco escuro
Depois roubaram meu coração
Trocaram por um pedaço de cobre velho e frio
Que para de funcionar
A cada nova emoção

domingo, 30 de agosto de 2009

Átomo

Cavalgando sobre sua própria coluna
Esse é o nosso sacerdote afetado
O mundo sorriu novamente
E ecoou seu maior gemido

Devastando almas frágeis
Sublimando intensas pinturas
Estampas não mais bastavam para cegar
O brilho era demais e além

Foi assim que vi o seu rosto
Sobrepondo o céu e os reis

Paradoxo? - Nem tão blasè assim...

Ponto final

Um ponto final
Coloquei nesta frase.
Eu te amo.
O que seria eterno
Morreu.
A fonte inesgotável
de amor
Secou.
O ponto final acabou esta frase.
E permitiu que esta começase.
E que outras a seguir pudessem existir.
Quando uma sentença termina
Outra começa.
Quando uma fonte seca
Outra aparece.
Quando um amor morre
Outro nasce.
Acabou.
Ponto final.

Henrique, amigo meu, este blog que compartilhamos representa, para mim, mais que palavras escritas, são todas elas a materialização de um rito de passagem pelo qual estou passando!